sábado, 29 de outubro de 2011

Mirthes Mathias

Por favor, não me analise
Não fique procurando
cada ponto fraco meu
Se ninguém resiste a uma análise
profunda, quanto mais eu!
Ciumenta, exigente, insegura, carente
toda cheia de marcas que a vida deixou:
Veja em cada exigência
um grito de carência,
um pedido de amor!

Amor, amor é síntese,
uma integração de dados:
não há que tirar nem pôr.
Não me corte em fatias,
(ninguém abraça um pedaço),
me envolva todo em seus braços
E eu serei perfeita, amor!

Do livro "Bom dia amor!", 1990

Enviada por Mauro M.

Disponível em< http://pensador.uol.com.br/frase/MTYzNDM/>Acesso em: 29/10/2011

Amarga sinfonia


Na boca o amaro e uma vontade de chorar!

Esse é o preço das escolhas da vida,

do percurso... do caminho.

Esta é a conta que se paga...

o acerto... o conserto.

Amarga sinfonia numa harpa lacrimejante.

Arranjos do concerto da alma...


(Sandra Garcia)



Uma dúzia de coisinhas à toa que deixam Alejandro feliz

A rua está calma

Não passa nenhuma alma

Alguém bate palma


Uma pipa no ar

Um avião a voar

No alto um radar


Um pássaro que canta

Bem cedo se levanta

O mal espanta


Um barco no mar

Um menino a nadar

O vento a soprar


Uma bola no campo

O pai no trampo

À noite um pirilampo


(Sandra Garcia)


Poesia para Alejandro

Disciplina de Língua Portuguesa – Colégio Objetivo - 2011

Esse mistério

Estive pensando nesse mistério que faz com que a vida da gente se encante tanto por outra vida. E sinta vontade de escrever poemas. Garimpar estrelas. Deixar florir pelo corpo os sorrisos que nascem no coração. Nesse mistério que nos faz olhar a mesma imagem inúmeras vezes, sem cansaço, seja ela feita de papel ou de memória. Que nos faz respirar feliz que nem folha orvalhada. Querer caber, com frequência, no mesmo metro quadrado onde a tal vida está. Cantarolar pela rua aquela canção que a gente não tinha a mínima ideia de que lembrava.

Estive pensando nesse mistério que faz com que a vida da gente encontre essa vida na multidão planetária de bilhões de outras. E sem saber que ela existia, perceba ao encontrá-la que sentia saudade dela antes de conhecê-la. Estive pensando nesse mistério que faz com que aquela vida que acaba de encontrar a nossa nos deixe com a impressão de estar no nosso caminho desde sempre, como se fosse um sol que esteve o tempo todo ali e a gente somente não o ouvia cantar. Nesse mistério que nos faz trocar buquês dos olhares mais cuidadosos. Que nos faz querer cultivar jardins, lado a lado. Nesse mistério que faz com que a nossa vida queira um bem tão grande à outra vida, que vai ver que isso já é uma prece e a gente nem desconfia.

Estive pensando nesse mistério lindo que você é para alguém e alguém é para você ou que ainda serão um para o outro. Nessa oportunidade preciosa dos encontros que nos fazem crescer no amor também com o tempero bom da ludicidade. Nesse clima de passeio noturno em pracinha de cidade pequena. Nessa paz que convida o coração pra recostar e repousar cansaços. Nesse lume capaz de clarear quarteirões inteirinhos da alma e acender um mundaréu de vontades no corpo. Nesse abraço com braços que começam dentro da gente. Nessa vontade de deixar o mundo todo pra depois só para saborear cada milímetro do momento embrulhado pra presente.

Estive pensando nesse mistério que não consigo desvendar. Nem tento.

(Ana Jácomo)

Enviado por Mauro M.

Disponível em< http://anajacomo.blogspot.com/2011/05/esse-misterio.html> Acesso em 29/10/2011

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Tus lábios


Tus lábios a murmurar

un pedido de cariño

tu sonrisa a brillar

como se fuera una estrella cadente

hacem mi cuerpo fremir

sin fuerzas para abrazar.


(Toninho Lima)

SORRISO UM RAIO DE LUZ

ESSE SORRISO BONITO

TAL QUAL UM RAIO DE LUZ

VEZ QUE OUTRA ME CONDUZ

COM MINHA IMAGINAÇÃO

ESPANTA A SOLIDÃO

QUE AS VEZES TEIMA EM FICAR

SÓ PARA ME ATORMENTAR

E ME TIRAR O SOSSEGO

MAS QUANDO CONTIGO FALO

SE TORNA PRA MIM UM REGALO

SEMPRE EM FORMA DE CHAMEGO.


(Toninho Lima)

O MAR E EU


A BRISA SOPRA MANSINHA

SOBRE O MAR COM ONDAS CALMAS

ACALENTANDO A ALMA,

QUE VOA EM PENSAMENTO,

AS VEZES SE TORNA VENTO,

SOPRANDO O BARCO PRA O CAIS,

PARECE ESCUTAR MEUS AIS,

DE SAUDADE E NOSTALGIA

CADA HORA DIFERENTE

ASSIM É MEU DIA A DIA

NESSE MAR DE ÁGUAS REVOLTAS

SEGUE UM BARCO SOLITÁRIO

NO RUMO DO IMAGINÁRIO

SINGRANDO ONDAS SEM FIM

LEVA UM PEDAÇO DE MIM

CONTRASTANDO COM O HORIZONTE

COMO AQUARELA EM PAPEL

O AZULADO DO CÉU,

COM SOL OURO FULGURANTE

POR ENTRE AS NUVENS PASSANTES

BRINCANDO DE ESCONDE-ESCONDE.


CADA RESPINGO SENTIDO

SÃO LÁGRIMAS DE LAMENTO

ESPALHADOS COM O VENTO

QUE SOPRA RUMO AO INFINITO

E O ECO DO MEU GRITO

LANCINANTE DE AMARGURA

VAI SE PERDER NA LONJURA

QUAL GAIVOTA PRISIONEIRA

VOANDO SOBRE MANEIRA

EM BUSCA DE LIBERDADE

DEIXANDO SÓ A SAUDADE

PRA LEMBRAR A VIDA INTEIRA.


O BARCO SEGUE EMBALADO

PELO BALANÇO DAS ÁGUAS

VAI CARREGANDO AS MÁGUAS

DE UM AMOR MAL COMPREENDIDO

NÃO FAZ O MENOR SENTIDO

A TRISTE RECORDAÇÃO

MAS, CALA NO CORAÇÃO

COMO UM PUNHAL DE BRILHANTES

DO AMOR QUE FICOU DISTANTE

DEIXANDO SÓ SOLIDÃO.


SE UM DIA ME DEI INTEIRO

FOI PORQUE O AMOR ME FISGOU

E O CUPIDO ME FLEXOU

ME DEIXANDO EM PURO ÊXTASE

O SENTIMENTO TOMOU ÊNFASE

ME FAZENDO AMAR ASSIM

O PERFUME DESSA ROSA

QUE UM DIA TODA PROSA

GERMINOU NO MEU JARDIM.


E ASSIM SEGUEM-SE MEUS DIAS

NAVEGANDO EM ALTO MAR

SEM TER AONDE CHEGAR

VOU SEGUINDO MEU DESTINO

AS VEZES PERCO O TINO

COM SOL QUEIMANDO MEU ROSTO

E SENTINDO AINDA O GOSTO

DA TRISTE DESILUSÃO

DO AMOR E DA TRAIÇÃO

NÃO SEI MAIS ONDE ENCONTRAR

UM PORTO PARA ANCORAR

O MEU POBRE CORAÇÃO.


(Toninho Lima)

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Ternura


Eu te peço perdão por te amar de repente

Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos

Das horas que passei à sombra dos teus gestos

Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos

Das noites que vivi acalentado

Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo

Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.

E posso te dizer que o grande afeto que te deixo

Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas

Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...

É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias

E só te pede que te repouses quieta, muito quieta

E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar

[ extático da aurora.


Texto extraído da antologia "Vinicius de Moraes - Poesia completa e prosa", Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro, 1998, pág. 259.


Enviado por Mauro M.

Disponível em: < http://www.releituras.com/viniciusm_ternura.asp> Acesso em: 22/10/2011

sábado, 22 de outubro de 2011

Mário Quintana


"Somos donos de nossos atos,

mas não donos de nossos sentimentos;

Somos culpados pelo que fazemos,

mas não somos culpados pelo que sentimos;

Podemos prometer atos,

mas não podemos prometer sentimentos...

Atos são pássaros engaiolados,

sentimentos são pássaros em vôo."

(Mário Quintana)


Enviada por Mauro M.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Deixe o Sol brilhar


Não impeça que o sol brilhe,
pois em cada amanhecer ensaia-se
um mundo novo.
Não impeça que a vida aconteça,
que a primavera insista,
que a chuva derrame seu pranto.

Impeça que a beleza de existir seja ofuscada
por vendavais...

Não impeça que o sol brilhe e traga consigo
toda a beleza da aurora,
que espalha jatos de luzes ardentes pelo espaço.
Não impeça...experimente a existência!

(Sandra Garcia)

Imagem: Mauro M

Propaganda enganosa

Quando falamos em propaganda enganosa, logo pensamos em algum produto do comércio, em promessas de políticos em época de caça ao voto, nas qualidades que a pessoa amada insiste em dizer que tem, entre outras. No entanto, há uma propaganda que passa despercebida – o príncipe encantado.

Passamos a vida acreditando que podemos encontrar esse príncipe. Quando aparece alguém, o amor que é cego acha que o encontrou. Mas, não leva muito tempo para descobrirmos que por de trás de belos sorrisos, existe um sapo. É triste!

O pior não é cairmos uma, duas ou mais vezes no “conto de fadas”. O mais grave é não percebermos que nas histórias encantadas, as princesas nunca escolhem os seus príncipes, são escolhidas por eles.

Vejamos Branca de Neve, que está num caixão de vidro, envenenada por uma maçã, quando um belo príncipe lhe dá o beijo que cura. No caso da Bela Adormecida, um bravo aventureiro, ultrapassa as barreiras, invade o castelo onde todos dormem há cem anos, e num beijo desperta a princesa.

A Branca de Neve não tem escolha, fica com o príncipe ou volta para o caixão. A Bela Adormecida, por gratidão, está na mesma situação, o príncipe ou o sono eterno. No caso da Princesa e o Sapo, ou ela beija o sapo ou fica sem a bola de ouro. Materialista que é a danada, beija logo o monstro. A Rapunzel, num desespero de causa, aceita a ajuda do persistente príncipe ou vai amargar o resto da vida na torre.

A Cinderela me assusta! É a única que fez escolha própria, queria muito ir ao baile onde o príncipe escolheria uma esposa. E, com ajuda da fada madrinha, poderzinho básico que as outras não possuem, finge que é princesa (até o momento era apenas gata borralheira), usa de magia para chegar até o baile, dança com o príncipe, e depois foge astuciosamente, deixando-o apaixonado. Nesse vai e vem de encantos, ela deixa de limpar o chão da madrasta e vai viver feliz para sempre num lindo castelo com o príncipe que seduziu, cercada de empregados. Muito espertinha!

Os contos dizem que os príncipes são belos jovens, herdeiros de grandes castelos, e corajosos viajantes em busca de aventura. Estes dotes nunca foram confirmados pelas princesas. Talvez propaganda enganosa.

Em nenhuma dessas histórias somos apresentados às características negativas, como mau-hálito, maus modos à mesa, falta de higiene pessoal, personalidades trogloditas, vícios, enfim, inerentes aos seres primitivos. É óbvio, que a história não levantaria provas contra si mesma. Talvez por isso, as princesas não são avisadas destas possíveis tragédias, e se veem na obrigação de aceitar, por gratidão, seus heróis.

Porém, seria impossível, inimaginável, pensar a vida sem estes contos. Imaginem mulheres, termos a certeza de que jamais encontraremos um príncipe. Seria catastrófico! Sem os contos de fadas não sonharíamos encontrar produto melhor. Desse modo, devemos seguir a vida em busca do sonho encantado, do direito de sermos felizes, respeitadas. Viva aos Contos de Fadas!


(Sandra Garcia)

Clarice Lispector

Techo de uma carta de Clarice Lispector enviada em 1947 para uma grande amiga:

"...Não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma. Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso - nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro. Nem sei como lhe explicar minha alma. Mas o que eu queria dizer é que a gente é muito preciosa, e que é somente até um certo ponto que a gente pode desistir de si própria e se dar aos outros e às circunstâncias. Depois que uma pessoa perder o respeito a si mesma e o respeito às suas próprias necessidades - depois disso fica-se um pouco um trapo.

Pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo aquilo que sua vida exige. Parece uma vida amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesma."


"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso"


Enviada por Mauro M.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Era Primavera

Estou de frente à janela.

Os autos passam apressados.

Minhas asas insistem no casulo,

Resistem, antes que este se abra

E me expulse...

Preciso da chuva...

Ouço pássaros, vida.

Sinto a brisa morna de um verão precipitado,

Atrevido,

Que invade estação alheia.

E minhas asas...

Quietinhas, na masmorra,

A espera...

Não sei do quê.


(Sandra Garcia)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Amor como tema


Este tema não nos foge, Marilene

Porque o amor está entre dois beija-flores

Porque uma criança é concebida durante o amor

Porque as mães amam seus bebês

Porque o pedreiro assovia pensando na amada

Porque a vida que passa lá fora está recheada de amores mil

A vida é amor por todos os cantos...

Amor... Sentimento que rege a orquestra da alma

É o caminho que segue os nossos passos rebeldes

É a estrada mais longa que percorremos

É a busca mais preciosa de toda existência

O amor de mãe, de amiga, de amante

Amor que observa, investiga e experimenta

Dever de casa de toda mulher.

Quando nos deitamos,

A esperança é que o amor se faça presente.

Seja de qualquer forma, de filho, de amigo, de amante

O importante é que se manifeste


(Sandra Garcia)