terça-feira, 29 de novembro de 2011

Vento Ventania


Vento, Ventania

Me leve para

As bordas do céu

Pois vou puxar

As barbas de Deus


Vento, ventania

Me leve prá onde

Nasce a chuva

Prá lá de onde

O vento faz a curva...

Me deixe cavalgar

Nos seus desatinos

Nas revoadas

Redemoinhos...


Vento, ventania

Me leve sem destino

Quero juntar-me a você

E carregar

Os balões pro mar

Quero enrolar

As pipas nos fios

Mandar meus beijos

Pelo ar...


Vento, ventania

Me leve prá qualquer lugar

Me leve para

Qualquer canto do mundo

Ásia, europa, américa...


Vento, ventania

Me leve para

As bordas do céu

Pois vou puxar

As barbas de Deus...


Vento, ventania

Me leve para

Os quatro cantos do mundo

Me leve prá qualquer lugar

Hum! Me deixe cavalgar

Nos seus desatinos

Nas revoadas

Redemoinhos...


Vento, ventania

Me leve sem destino

Quero mover

As pás dos moinhos

E abrandar o calor do sol

Quero emaranhar

O cabelo da menina

Mandar meus beijos pelo ar...


Vento, ventania

Me leve prá qualquer lugar

Me leve para

Qualquer canto do mundo

Ásia, europa, américa...

Me deixe cavalgar

Nos seus desatinos

Nas revoadas

Redemoinhos


Vento, ventania

Me leve sem destino

Quero juntar-me a você

E carregar os balões pro mar

Quero enrolar as pipas nos fios

Mandar meus beijos pelo ar


Vento, ventania

Agora que estou solto na vida

Me leve prá qualquer lugar

Me leve mas não me faça voltar...

Me leve mas não me faça voltar...


Biquini Cavadão

domingo, 27 de novembro de 2011

COMPOSITOR

 Luiz Gonzaga fez Asa Branca 
Tom Jobim fez Águas de Março 
Caetano fez Você é Linda 
E Adoniran fez Tiro ao Álvaro 
 Gil fez Andar Com Fé 
Ary Barroso, Aquarela do Brasil 
Gonzaguinha fez O Que é O Que é 
E agora onde já se viu! 
 O cara desta canção 
O que foi que fez Como é que pode ser assim 
Metido a doutor 
Acha que é poeta autodidata 
Acha que é compositor! 
 (André Gandolfo)

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Edvaldo Rosa para Marilene Teubner

EDVALDO ROSA ESCREVE:

Sabor Pitanga - Resenha

Fui buscar dentre minhas memórias o sabor pitanga com o qual adocei em certo momento a minha vida... Fui buscar em mim alguma referência que me auxiliasse a entender o espirito que permeia o livro de poesias de Marilene Teubner, Sabor Pitanga.

A pitanga é uma fruta carnosa, vermelha (a mais comum), amarela ou preta, e bastante saborosa, rica em cálcio, a pitanga é nativa da mata atlântica brasileira, encontrada desde Minas Gerais até o Rio Grande do Sul.

Pode ser encontrada também na ilha da Madeira, Portugal, onde foi introduzida.

Mas sobretudo a pitangueira é nativa das terras brasileiras, e assim, o Sabor Pitanga é bem brasileiro!

A palavra “pitanga” vem do tupi-guarani, e significa “vermelho”. É por isso que nos poemas do livro Sabor Pitanga de Marilene Teubner os sentimentos são constantes e profundos.

A planta é cultivada tradicionalmente em quintais domésticos. Dá-se bem em terrenos arenosos junto às praias e os frutos são ótimos atrativos para pássaros.

Não é de se estranhar, portanto, que os poemas contidos no livro Sabor Pitanga de Marilene Teubner, quase uma centena, venham do fundo de seu coração, de sua mente e de sua alma.

É fato que o auxílio de sua vivência, tanto pessoal quanto poética, trouxeram ao livro Sabor Pitanga um frescor e uma vitalidade que rivalizando com a planta pitangueira, atrai e conquista o leitor já na leitura de suas primeiras páginas.

Não é demasiada a apresentação da poetisa na página 7, através de um acróstico de Dirce Cecilia Cozatti.

É de extrema sensibilidade a prescrição feita pela autora na página 9, com o poema “ Medicação".

Assim contrariando a natureza da árvore, pitangueira, que tem um desenvolvimento moderado, já nos primeiros poemas do livro Sabor Pitanga podemos perceber uma crescente torrente de sentimentos...

Se a árvore é medianamente rústica, o mesmo não se aplica aos poemas de Marilene Teubner em seu livro Sabor Pitanga, a menos que consideremos sentimentos puros, profundos como rústicos!

Quanta sensibilidade vai sendo encontrada a cada página lida.

Chamou a minha atenção “Últimos versos”, quanto amor... Em “Perigo” , a ameaça de se amar demais!

Encontrei filosofia incrustada em “ Ostra “, que apreendamos a viver então.

E os temas das poesias de Marilene Teubner, em Sabor Pitanga, vão desfilando ao olhar atento com uma sensibilidade fina e antenada com a vida cotidiana, com os sentimentos e pensamentos das pessoas de hoje, mas que sonham amores e tecem desejos de tempos idos, quando tudo parecia ser bem melhor do que agora.

Assim, Sabor Pitanga, resgata valores importantes do ser humano, fala de desejos que todos, homens e mulheres, trazem dentro de si e que inibem sob o peso do dia a dia tão corrido, mais, Sabor Pitanga, revela a nossa face mais pura, “rústica” talvez, por não usar máscaras, agradável e amorosa.

Sabor Pitanga é um delicioso livro. E os seus poemas trazem o frescor de nossos melhores momentos vividos, e a esperança de vivermos estes mesmos momentos, caso não os tenhamos vivido.

Por fim, nas palavras de seu editor, Rossyr Berny, da editora Alcance, “ Pitanga, como a fruta, é um beijo sedento que mata a sua sede nos lábios da poesia e do amor. Delicie-se! “



Em tempo:

Sabor Pitanga

Marilene Teubner

Editora Alcance – 2008



Contato com a autora:

marileneteubner@hotmail.com

Edvaldo Rosa

WWW.EDVALDOROSA.COM.BR

27/01/2009

Edvaldo Rosa

Enviado por Edvaldo Rosa em 27/01/2009

Alterado em 27/01/2009


Disponível em<http://sacpaixao.net/visualizar.php?idt=1407665>Acesso em: 25/11/2011

Palavras ao vento

Ando por aí querendo te encontrar

Em cada esquina paro em cada olhar

Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar


Que o nosso amor pra sempre viva

Minha dádiva

Quero poder jurar que essa paixão jamais será


Palavras apenas

Palavras pequenas

Palavras


(Cássia Eller)

Composição: Marisa Monte/ Moraes Moreira

André Gandolfo - Um nome a zelar


Poeta jalesense é premiado em Concurso de Consciência Negra

André Gandolfo, poeta e compositor, 17 anos, nesta semana foi o vencedor do 1º Concurso de Rima e Poesia "Consciência Negra: Todo dia é dia". Dentre as várias poesias que disputaram o concurso, André obteve uma vantagem de 100% sobre o segundo lugar, somando 103 votos.

Como prêmio, Gandolfo receberá 1.000, dos 5.000 marcadores de páginas que serão produzidos pelo Ponto de Cultura Mistura e Gingada de Santo André com sua poesia em todos eles, além, de receber uma camiseta do Ponto.

Em sua primeira participação num concurso de poesia, André confessa que é uma imensa honra poder lograr uma vitória por ser a primeira participação, e, ressalta inclusive a importância destas atividades: "É em concursos assim que, além de podermos divulgar nossa obra, temos a chance de levantar conceitos como o respeito às diferenças, como é o caso deste.

Para conhecer um pouco da obra de André Gandolfo, acesse: www.blogdogandolfo.blogspot.com.

Abaixo segue transcrita a poesia vencedora:


Celebrar

Vida das cores brotam, enfeitam

Cantam cores quentes, cores claras, todo tom

Vibra toda pele, toda cara, todo som

É poesia, é raça forte, é Brasil

É a folia na cantoria,da paisagem senhoril

Qual a cor da noite, céu banhado de escuridão

É a pele bronzeada, dourada, marrom

E toda hora é hora

De cantar a excelência negra

Toda dia é dia

De gingar a sapiência negra

Todo ano é ano

De celebrar a consciência negra!


(André Gandolfo)


Disponível em<http://www.santafeonline.com.br/portal/home.php?content=noticia&id=11893>Acesso em: 25/11/2011

Fita Verde no Cabelo

"Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, meninos e meninas que nasciam e cresciam. Todos com juízo, suficientemente, menos uma menininha, a que por enquanto. Aquela um dia, saiu de lá, com uma fita verde inventada no cabelo.

Sua mãe mandara-a com um cesto e um pote, à avó, que a amava, a uma outra e quase igualzinha aldeia. Fita-Verde partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era uma vez. O pote continuava doce em calda, e o cesto estava vazio, que para buscar framboesa.

Daí, que, indo no atravessar o bosque, viu só os lenhadores que por lá lenhavam, mas o lobo nenhum, desconhecido nem peludo. Pois os lenhadores tinham exterminado o lobo. Então, ela mesma era quem se dizia: “Vou à vovó com cesto e pote, e a fita verde no cabelo, o tanto que a mamãe me mandou.” A aldeia e a casa esperando-a acolá, depois daquele moinho, que a gente pensa que vê, e das horas, que a gente vê que não são.

E ela mesma resolveu escolher tomar este caminho de cá, louco e longo, e não o outro, encurtoso. Saiu, atrás de suas asas ligeiras, sua sombra, também vindo-lhe correndo em pós. Divertia-se com ver as avelãs do chão não voarem, com inalcançar essas borboletas nunca em buquê nem em botão, e com ignorar se cada uma em seu lugar as plebéinhas flores, princesinhas e incomuns, quando a gente tanto por elas passa. Vinha sobejamente. Demorou, para dar com a avó em casa, que assim lhe respondeu, quando ela toque, toque, bateu:

- Quem é?

- Sou eu... – Fita- Verde descansou a voz – Sou sua linda netinha, com cesto e pote, com fita verde no cabelo, que a mamãe me mandou.

Vai, a avó, difícil disse:

- Puxa i ferrolho de pau da porta, entra e abre. Deus te abençoe.

Fita-Verde assim fez, e entrou e olhou.

A avó estava na cama rebuçada e só. Devia, para falar agagado e fraco e rouco assim, de ter apanhado um defluxo. Dizendo:

- Depõe o pote e o cesto na arca, e vem para perto de mim, enquanto é tempo.

Mas agora Fita-Verde se assustava além de entristecer-se de ver que perdera sua grande fita verde no cabelo atada, e estava suada, com enorme fome de almoço. Ela perguntou:

- Vovozinha, que braços tão magros os seus, e que mãos tão tremenstes!

- É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta... – a avó murmurou.

- Vovozinha, mas que lábios tão arrocheados!

- É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta...- a avó suspirou.

- Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto encovado e pálido?

- É porque já não te estou vendo, nunca mais, minha netinha... – avó ainda gemeu.

Fita-Verde mais se assustou, como se fosse ter juízo pela primeira vez...

Gritou:- Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!

Mas a avó não estava mais lá, sendo que demasiado ausente, a não ser pelo frio, triste e tão repentino corpo".


(ROSA, Guimarães in Fita Verde no Cabelo)


Disponível em<http://fitaverde.blogspot.com/2007/09/fita-verde-no-cabelo.html> Acesso em: 25/11/2011


sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Eu vi o amanhecer

Pensei que fosse o amanhecer

Mas fora apenas engano

Minha voz se calou em agonia

Todo o corpo emudeceu pálido


Eu vi o dia amanhecer

Mas fora apenas engano

Na pele, o inverno se acomodou

Seus passos, pude senti-los distantes


O sol rompeu no horizonte radiante

Pensava que era o amanhecer da vida

Mas fora apenas engano


O breu se instalou nos dias amargos

O luar prateava as águas dos meus olhos

Tudo não passara de um longo engano


(Sandra Garcia)

Sobre a beleza

A beleza que encanta também pode se converter em perigosa armadilha. Pessoas que têm a sorte de serem belas não podem ficar estagnadas, apenas desfrutando as alegrias que a beleza proporciona. Pessoas que amam o belo, por outro lado, precisam ter muito cuidado. A beleza e o narcisismo costumam andar juntos e os narcisistas estão mais preocupados com os outros. Saudemos a beleza, no entanto não nos escravizemos jamais a ela.

( Paulo Sternick)

domingo, 13 de novembro de 2011

Vozes silenciosas


Ouça a canção que escorre dos meus olhos, ouça!

Deixe as portas abertas e as janelas também...

Deixe-me passar por entre os galhos caídos

Que essa tempestade deixou


Ouça a brisa que sopra seu nome, ouça!

Em dias amargos de vozes silenciosas...

O que são os dias, senão a prova da existência

O que é o tempo, senão senhor absoluto


Ouça o pulsar da vida na alma calada, ouça!

O que é a vida, senão uma longa e sinuosa estrada

O que é a saudade, senão um apelo das ilusões

O que é novembro, senão uma data maculada


Deixe que a vida estrangule a dor dos sonhos

Liberte o ser que habita nas minhas sombras

O que é este ser, senão a dúvida do encontro...

Apenas ouço os teus sinais bem longe de mim!


(Sandra Garcia)


Sugiro que leia a poesia ouvindo outra poesia:

http://www.youtube.com/watch?v=v1JOBCke_6Q&feature=related


A impontualidade do amor

Você está sozinho. Você e a torcida do Flamengo. Em frente a tevê, devora dois pacotes de Doritos enquanto espera o telefone tocar.
Bem que podia ser hoje, bem que podia ser agora, um amor novinho em folha.
Triiiiiiiiiiiimmm!
É sua mãe...
Quem mais poderia ser?
Amor nenhum faz chamadas por telepatia. Amor não atende com hora marcada.
Ele pode chegar antes do esperado e encontrar você numa fase, sem disposição para relacionamentos sérios. Ele passa batido e você nem aí. Ou pode chegar tarde demais e encon
trar você desiludido da vida, desconfiado, cheio de olheiras. O amor dá meia-volta, volver.

Por que o amor nunca chega na hora certa?

Agora, por exemplo... ... que você está de banho tomado e camisa jeans.
Agora que você está empregado, lavou o carro e está com grana para um cinema.
Agora que você pintou o apartamento, ganhou um porta-retrato e começou a gostar de jazz. Agora que você está com o coração às moscas e morrendo de frio.
O amor aparece quando menos se espera e de onde menos se imagina.
Você passa uma festa inteira hipnotizado por alguém que nem lhe enxerga, e mal repara em outro alguém que só tem olhos pra você. Ou então fica arrasado porque não foi pra praia no final de semana. Toda a sua turma está lá, azarando-se uns aos Outros, sentindo-se um ET perdido na cidade grande, você busca refúgio uma locadora de vídeo, sem prever que ali mesmo, na locadora, irá encontrar a pessoa que dará sentido a sua vida.
O amor é que nem tesourinha de unhas, nunca está onde a gente pensa.
O jeito é direcionar o radar para norte, sul, leste e oeste.
Seu amor pode estar no corredor de um supermercado, pode estar impaciente na fila de um banco, pode estar pechinchando numa livraria, pode estar cantarolando sozinho dentro de um carro.
Pode estar aqui mesmo, no computador, dando o maior mole.
O amor está em todos os lugares, você que não procura direito.
A primeira lição está dada: ... o amor é onipresente. Agora a segunda: ... mas é imprevisível. Jamais espere ouvir "eu te amo" num jantar à luz de velas, no dia dos namorados. O amor odeia clichês.
Você vai ouvir "eu te amo" numa terça
-feira, às quatro da tarde... depois de uma discussão e... as flores vão chegar no dia que você tirar carteira de motorista, depois de aprovado no teste de baliza. ...
Idealizar é sofrer!
Amar é surpreender!

(Martha Medeiros)

Enviada por Mauro M

sábado, 12 de novembro de 2011

Com mais leveza


Em algumas fases da jornada, às vezes longas, carregamos um bocado de peso na alma.

Nem um pouco raro, às vezes sem sequer notarmos.

A gente costuma se acostumar fácil às circunstâncias difíceis que, vez ou outra,

podem ser mudadas até sem grandes elaborações e movimentos,

sem que se precise contar com sorte, promessas, milagres e cercanias.

A gente costuma se adaptar demais ao que faz nossos olhos brilharem menos.

A gente costuma camuflar a exaustão.

Inventar inúmeras maneiras para revestir o coração com isolamento

acústico para evitar ouvi-lo.

Fazer de conta que a vida é assim mesmo e pronto.

Que somos assim mesmo e ponto.

A gente costuma arrastar bolas de ferro e agir como se carregássemos pétalas só pra não

precisar fazer contato com as insatisfações e trabalhar para transformá-las.

A gente costuma mudar de calçada quando vê certos riscos virem na nossa direção,

mesmo que nos encantem.

A gente carrega muito peso no peito, tantas vezes,

porque resiste à mudança o máximo que consegue.

Até o dia em que a alma, com toda razão, cansada de não ser olhada,

encontra o seu jeito de ser vista e dizer quem é mesmo que manda.


(Ana Jacomo)


Enviada por Mauro M.

12/11/2011


domingo, 6 de novembro de 2011

Navegar é preciso...

O escritor é um ser diferenciado com personalidade caracterizada. Dessa luta incansável e da personalidade do escritor precisamos tratar com muito zelo. Eis o assunto que vamos abordar neste artigo:- “a importância do escritor regional”.

Com suas dimensões continentais, o Brasil é um país de diversidade cultural incomparável. Cada estado brasileiro tem orgulho do seu sotaque, costumes, comidas e músicas típicas. Mas a produção literária do país retrata essa diversidade?

O espaço da literatura nos diversos “Brasis”, o que poderíamos chamar cultura regional, praticada com ajuda dos escritores regionais, mesmo com a falta de apoio, a tentativa de massificação cultural da mídia eletrônica e a produção em sua grande maioria ser (em) praticamente independente, está se tornando relevante. Isso salvo alguns incentivos, na maioria das vezes, por parte da iniciativa privada.

O debate para este setor também se abre, além das iniciativas de editores independentes, que vêm fortalecer mais ainda esse processo de produção editorial regional.

Conto, poesia, crônicas, narrativas...luta. Assim é o cotidiano do escritor regional. E, sem dúvida a presença do escritor regional é um grande impulso para a divulgação e manutenção da cultura e da memória de um povo.


(Marco Antonio Poletto)

A realidade insiste

A lua não sabe nada... vive vagando... anda perdida

Submissa, deixa que o rei a esconda

Só queria que tirasse os olhos

Esqueça-me, aqui, em lamentos

A lua não tem que pratear meu pranto...

Intrusa...

Faz correr o tempo

Esse ditador amargurado...


(Sandra Garcia)

sábado, 5 de novembro de 2011

Para amar uma mulher

Para entender uma mulher

é preciso mais que deitar-se com ela…
Há de se ter mais sonhos e cartas na mesa
que se possa prever nossa vã pretensão…


Para possuir uma mulher
é preciso mais do que fazê-la sentir-se em êxtase
numa cama, em uma seda, com toda viril possibilidade…
Há de se conseguir
fazê-la sorrir antes do próximo encontro.


Para conhecer uma mulher, mais que em seu orgasmo,
tem de ser mais que amante perfeito…
Há de se ter o jeito certo ao sair, e
fazer da saudade e das lembranças, todo sorriso…


— O potente, o amante, o homem viril, são homens bons…
bons homens de abraços e passos firmes…
bons homens pra se contar histórias…
Há, porém, o homem certo, de todo instante:
O de depois!


Para conquistar uma mulher,
mais que ser este amante, há de se querer o amanhã,
e depois do amor um silêncio de cumplicidade…
e mostrar que o que se quis
é menor do que o que não se deve perder.


É esperar amanhecer, e nem lembrar do relógio ou café…
Há que ser mulher, por um triz e,
então, ser feliz!


Para amar uma mulher, mais que entendê-la,

mais que conhecê-la, mais que possuí-la,
é preciso honrar a obra de Deus,
e merecer um sorriso escondido,
e também ser possuído e,
ainda assim, também ser viril…


Para amar uma mulher, mais que tentar conquistá-la,
há de ser conquistado… todo tomado e,
com um pouco de sorte,
também ser amado!


(Atenção: Na internet este texto é amplamente atribuído a Carlos Drummond de Andrade. Porém não consta nos livros Antologia Poética de Drummond, bem como em CDA – Poesia Completa. Para um bom artigo, “A literatura no mundo virtual: falsas autorias”, clique aqui. Neste artigo, Aíla Sampaio, Professora da Unifor, destaca, principalmente, o uso da pessoa e credibilidade de Drummond em textos pseudoepigráficos que circulam pela rede.)


Disponível em<http://litinerance.com/category/poesia/carlos-drummond-de-andrade/>Acesso em:05/11/2011

Fragmentos de Cold Mountain


"Agora, fico me lembrando
de momentos fugazes que passamos juntos...
E gostaria de modificá-los...
Meu jeito estranho,
E tantas palavras que não foram ditas".


"Desde que você partiu o tempo vem sendo contado de forma amarga".


"Ainda estou te esperando,
assim como te prometi que faria".


"Se você está lutando, pare de lutar!
Se está marchando, pare de marchar!
Volta para mim!
Volta para mim, eu te peço...
Eu te imploro, volta para mim".


"Eu passo por aqui todos os dias
para te ver, não para te vigiar
Eu venho à sua procura".


"Ter viajado para tão longe
do leste ao oeste
milhares de quilômetros terríveis
meus passos vão seguindo os caminhos de Deus
O oceanos, os pântanos... as escarpas e cumes
para me encontrar... enfim
Onde minha dor e meu medo se associam
Um ponto na neve ardente
Fico contemplando a névoa azul
um mundo de montanhas por cima de montanhas".


"Sei que nuvens escuras virão pairar sobre mim
sei que o caminho é acidentado,
mas campos dourados estendem-se a minha frente,
Onde olhos cansados não mais chorarão".


Diálogo entre Inman e Ada

Inman: Aquele beijo...
que beijei todos os dias da minha jornada...

Ada: Todos os dias eu te esperava, desejando e ansiando
para ver teu rosto

Inman: Se você pudesse me ver por dentro, seja lá como
chama... meu espírito era meu receio...
Acho que estou arruinado
Insistiram em tentar me derrubar, mas
eu não estava pronto...
Mas, se havia algum afeto em mim eu perdi,
matei a tiros...
Como eu poderia escrever para você depois do que fiz?
Depois do que vi?
(sobre a Guerra)

O filme conta a história de Inman Balis e Ada Monroe. Eles se conheceram numa vila na província da Carolina do Norte, em meio à Guerra Civil estadunidense. Apaixonados, não puderam viver esse amor, pois foram separados pela Guerra. Porém esse sentimento foi mais forte que qualquer barreira. Inman torna-se um desertor com o único objetivo de reencontrar sua amada, que por sua vez também o esperava... não posso contar o fim da história!...


(Sandra Garcia)


Eugénio de Andrade

É urgente o amor.

É urgente um barco no mar.


É urgente destruir certas palavras,

ódio, solidão e crueldade,

alguns lamentos,

muitas espadas.


É urgente inventar alegria,

multiplicar os beijos, as searas,

é urgente descobrir rosas e rios

e manhãs claras.


Cai o silêncio nos ombros e a luz

impura, até doer.

É urgente o amor, é urgente

permanecer.


Enviado por M M

Disponível em< http://www.astormentas.com/andrade.htm> Acesso em:05/11/2011

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Meus Uivos que te buscam

Imagino suas mãos tocando um outro alguém.

Imagino você!

Imagino o brilho dos seus olhos,

O som do seu desejo

Sinto você!


Como se fosse um anjo, delicado e atrevido

Um anjo caído...um algoz

Que faz de mim presa, fácil,

Em teias de mistérios...

Como se você fosse uma garra...


Sinto o movimento da sua poesia em mim...

Sinto você!

Sou queda d'água a te banhar.

A lua sabe o que sinto, ouve os meus uivos que te buscam...

Conhece o perfume dos meus desejos


Sinto você agora, na chuva dos meus dias

Sinto, assim, simplesmente

Sinto em cada letra, cada frase...

Cada música... Em cada abismo que me espera

Sinto simplesmente!


(Sandra Garcia)

Pássaros sem ninho...


Às vezes, amanhecemos num dia espetacular,

com a chuva batendo na janela,

com asas em burburinho nos ninhos aquecidos...

De repente, a realidade bate à porta...

Não, não bate não! Invade!

E descobrimos que nem todos os pássaros têm ninho...

(Sandra Garcia)

Wind and Window Flower


Lovers, forget your love,

And list to the love of these,

She a window flower,

And he a winter breeze.


When the frosty window veil

Was melted down at noon,

And the caged yellow bird

Hung over her in tune,


He marked her though the pane,

He could not help but mark,

And only passed her by

To come again at dark.


He was a winter wind,

Concerned with ice and snow,

Dead weeds and unmated birds,

And little of love could know.


But he signed upon the sill,

He gave the sash a shake,

As witness all within

Who lay that night awake.


Perchange he half prevailed

To win her for the flight

From the firelight looking-glass

And warm stove-window light.


But the flower leaned aside

And thought of naught to say,

And morning found the breeze

A hundred miles away.


(Robert Frost)


A história de um amor impossível... de indecisões... e do tempo que não perdoa!


Disponível em<http://www.internal.org/Robert_Frost/Wind_and_Window_Flower>Acesso em: 31/10/2011

Doce da Saudade

Com "Ho nostalgia di te",

um italiano não diz o mesmo

que um brasileiro que diz

"Tenho saudade de você"?

Há duas semanas, estive em Lavras (MG), a convite da Unilavras, onde proferi uma palestra para professores e alunos. Quando cheguei à cidade, por volta do meio-dia, fui levado a um restaurante. Na hora da sobremesa, uma delicada surpresa: uma das opções era o "doce da saudade". A primeira coisa que fiz foi perguntar à moça do balcão por que "doce da saudade". "É o próprio chefe da cozinha que faz. Ele aprendeu com a mãe, que já faleceu, e aí...".

E aí, "fraco" que sou, senti os olhos marejados. Quase pedi a ela que chamasse o chefe, mas minha fraqueza e minha emotividade me impediram de fazê-lo. Ia ser um chororô só.

O fato é que, além de me deixar emocionado, aquilo me deixou encantado. Como a nomeação de um doce pode, a um só tempo, ser tão singela e tão significativa, profunda?

É claro que uma parte desse encantamento se deve à palavra "saudade", que os brasileiros gostam de considerar caso único no mundo ("Só a nossa língua tem essa palavra", "Só na nossa língua existe uma palavra que pode expressar esse sentimento", ouvimos com frequência). Não é bem assim. Ou será que esse sentimento é mesmo exclusividade dos brasileiros? Será que, quando diz "Ho nostalgia di te", um italiano não quer dizer o mesmo que um brasileiro que diz "Tenho saudade de você"?

A palavra "nostalgia" (que se escreve do mesmo jeito em português, em espanhol e em italiano -em espanhol se lê "nostálgia", com o "g" friccionado; em italiano, lê-se "nostaldgía") vem de dois elementos gregos ("nostós", que significa "regresso", e "algia", que significa "dor").

Originariamente, a nostalgia é a dor do regresso, a "melancolia profunda causada pelo afastamento da terra natal" ("Houaiss"). Por extensão de sentido, a palavra passa a transmitir (nas línguas que citei e em outras) muitas das ideias que se transmitem, em português, com "saudade".

Originária do latim "solitatis" ("soledade", "solidão", "desamparo"), a nossa "saudade" já originou metáforas memoráveis, inesquecíveis. Na antológica canção "Pedaço de Mim", de 1977, o grande Chico Buarque pintou algumas das mais belas e pungentes imagens sobre esse nobilíssimo sentimento. Uma delas é esta: "A saudade dói como um barco que aos poucos descreve um arco e evita atracar no cais".

Salvo engano, o professor Sérgio Buarque de Holanda, autor do sempre e ainda fundamental livro "Raízes do Brasil" (de 1936), considerava estes os versos mais belos da música popular brasileira: "A saudade é o revés de um parto, a saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu". Nem de longe se pode dizer que o grande intelectual e Professor foi parcial ao citar os versos do filho querido e ilustre. Não é preciso ser pai de Chico Buarque para consagrar esses versos como dos mais fundos e belos que a alma humana já produziu.

Em homenagem ao chefe de cozinha do restaurante de Lavras, junto aos versos de Chico estes, de Drummond (de "Para Sempre"): "Morrer acontece / com o que é breve e passa / sem deixar vestígio. / Mãe, na sua graça, / é eternidade. / Por que Deus se lembra / -mistério profundo- / de tirá-la um dia? / Fosse eu Rei do Mundo, / baixava uma lei: / Mãe não morre nunca, / mãe ficará sempre / junto de seu filho / e ele, velho embora, / será pequenino / feito grão de milho".

Antes que alguém pergunte, comi, sim (e muito), do "doce da saudade". Já me é uma deliciosa saudade e uma saudosa delícia. É isso.

PASQUALE CIPRO NETO

POSTADO POR MAURO EM 04/11/2011 ÀS 09:02

Disponível em<http://palcogeral.blogspot.com/2011/11/doce-da-saudade.html>Acesso em: 04/11/2011