domingo, 27 de março de 2011

Da pérfida Gertrúria o juramento

XXIV

Da pérfida Gertrúria o juramento

Parece-me que estou inda escutando,

E que inda ao som da voz suave e brando

Encolhe as asas, de encantado, o vento.


No vasto, infatigável pensamento

Os mimos da perjura estou notando...

Eis Amor, eis as Graças festejando

Dos ternos votos o feliz momento.


Mas, Ah!...Da minha rápida alegria

Para que acendes mais as vivas cores,

Lisonjeiro pincel da fantasia?


Basta, cega paixão, loucos amores;

Esqueçam-se os prazeres de algum dia,

Tão belos, tão duráveis como as flores.

(Bocage)


Em Portugal, o Arcadismo se inicia em 1756, num momento em que intelectuais e artistas discutiam a “Arte Lusitana”. O lema desses estudiosos era “Inutilia truncat” (fim das inutilidades). A ideia era erradicar os exageros, o rebuscamento e extravagâncias do barroco, em busca de uma literatura simples.

Um dos autores de grande importância foi Manuel Maria Barbosa Du Bocage. No poema acima o “eu lírico” demonstra sua decepção amorosa e ironiza o amor comparando-o com a durabilidade das flores.

...

“Tão belos, tão duráveis como as flores.”

(Sandra Garcia)