XXIV
Da pérfida Gertrúria o juramento
Parece-me que estou inda escutando,
E que inda ao som da voz suave e brando
Encolhe as asas, de encantado, o vento.
No vasto, infatigável pensamento
Os mimos da perjura estou notando...
Eis Amor, eis as Graças festejando
Dos ternos votos o feliz momento.
Mas, Ah!...Da minha rápida alegria
Para que acendes mais as vivas cores,
Lisonjeiro pincel da fantasia?
Basta, cega paixão, loucos amores;
Esqueçam-se os prazeres de algum dia,
Tão belos, tão duráveis como as flores.
(Bocage)
Em Portugal, o Arcadismo se inicia em 1756, num momento em que intelectuais e artistas discutiam a “Arte Lusitana”. O lema desses estudiosos era “Inutilia truncat” (fim das inutilidades). A ideia era erradicar os exageros, o rebuscamento e extravagâncias do barroco, em busca de uma literatura simples.
Um dos autores de grande importância foi Manuel Maria Barbosa Du Bocage. No poema acima o “eu lírico” demonstra sua decepção amorosa e ironiza o amor comparando-o com a durabilidade das flores.
...
“Tão belos, tão duráveis como as flores.”
(Sandra Garcia)