“Era uma vez um bicho que
vivia para amedrontar criança teimosa”. Toda vez que os pais pediam alguma obediência
aos filhos menores e eles não obedeciam, logo eram avisados que o bicho-papão
poderia aparecer.
As
crianças, com medo daquela fera desconhecida, procuravam fazer tudo o que era
solicitado pelos pais. Mal sabiam elas, que os pais, na verdade, queriam protegê-las
de algum possível perigo. Por exemplo, quando a criança pensava em abrir o
portão para ir à rua desacompanhada, o pai logo dizia:
---- Não abra o portão, porque lá fora tem bicho-papão.
O
bicho-papão é usado para pôr medo nas crianças desde há muito tempo. Essa forma
imaginária e primitiva de conseguir a obediência dos filhos atravessou gerações
e ainda perdura, em algumas famílias, nos dias atuais.
Depois
de crescida, a criança acaba descobrindo que o monstro não existe, que era mesmo
apenas uma forma imaginária de proteção ou de garantia de obediência utilizada
pelos pais. Na maioria das vezes, essa era uma maneira carinhosa de mostrar aos
filhos que, apesar de todas as maravilhas e da beleza da vida, eles precisavam
tomar muito cuidado, porque o mundo é cheio de perigos e bichos-papões.
Sandra Garcia