quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Venha ver o pôr do sol


Ela subiu sem pressa a tortuosa ladeira. À medida que avançava, as casas iam rareando, modestas casas espalhadas sem simetria e ilhadas em terrenos baldios. No meio da rua sem calçamento, coberta aqui e ali por um mato rasteiro, algumas crianças brincavam de roda. A débil cantiga infantil era a única nota viva na quietude da tarde.

Ele a esperava encostado a uma árvore. Esguio e magro, metido num largo blusão azul-marinho, cabelos crescidos e desalinhados, tinha um jeito jovial de estudante.

- Minha querida Raquel.

Ela encarou-o, séria. E olhou para os próprios sapatos.

- Veja que lama. Só mesmo você inventaria um encontro num lugar destes. Que idéia, Ricardo, que idéia! Tive que descer do táxi lá longe, jamais ele chegaria aqui em cima.

Ele riu entre malicioso e ingênuo.

- Jamais!? Pensei que viesse vestida esportivamente e agora me aparece nessa elegância! Quando você andava comigo, usava uns sapatões de sete léguas, lembra?

- Foi para me dizer isso que você me fez subir até aqui? - perguntou ela, guardando as luvas na bolsa. Tirou um cigarro.

- Hein?! Ah, Raquel... - e ele tomou-a pelo braço. Você, está uma coisa de linda. E fuma agora uns cigarrinhos pilantras, azul e dourado... Juro que eu tinha que ver ainda uma vez toda essa beleza, sentir esse perfume. Então? Fiz mal? Podia ter escolhido um outro lugar, não? -Abrandara a voz.

- E que é isso aí? Um cemitério?

Ele voltou-se para o velho muro arruinado. Indicou com o olhar o portão de ferro, carcomido pela ferrugem.

- Cemitério abandonado, meu anjo. Vivos e mortos, desertaram todos. Nem os fantasmas sobraram, olha aí como as criancinhas brincam sem medo acrescentou apontando as crianças na sua ciranda.

Ela tragou lentamente. Soprou a fumaça na cara do companheiro.

- Ricardo e suas idéias. E agora? Qual o programa?

Brandamente ele a tomou pela cintura.

- Conheço bem tudo isso, minha gente está enterrada aí. Vamos entrar um instante e te mostrarei o pôr-do-sol mais lindo do mundo.

Ela encarou-o um instante. Envergou a cabeça para trás numa risada.

- Ver o pôr-do-sol!... Ali, meu Deus... Fabuloso, fabuloso!... Me implora um último encontro, me atormenta dias seguidos, me faz vir de longe para esta buraqueira, só mais uma vez, só mais uma! E para quê? Para ver o pôr-do-sol num cemitério...

Ele riu também, afetando encabulamento como um menino pilhado em falta.

- Raquel, minha querida, não faça assim comigo. Você sabe que eu gostaria era de te levar ao meu apartamento, mas fiquei mais pobre ainda, como se isso fosse possível. Moro agora numa pensão horrenda, a dona é uma Medusa que vive espiando pelo buraco da fechadura...

- E você acha que eu iria?

- Não se zangue, sei que não iria, você está sendo fidelíssima. Então pensei, se pudéssemos conversar um pouco numa rua afastada... - disse ele, aproximando-se mais. Acariciou-lhe o braço com as pontas dos dedos. Ficou sério. E aos poucos, inúmeras rugazinhas foram-se formando em redor dos seus olhos ligeiramente apertados. Os leques de rugas se aprofundaram numa expressão astuta. Não era nesse instante tão jovem como aparentava. Mas logo sorriu e a rede de rugas desapareceu sem deixar vestígio. Voltou-lhe novamente o ar inexperiente e meio desatento.

- Você fez bem em vir.

- Quer dizer que o programa... E não podíamos tomar alguma coisa num bar?

- Estou sem dinheiro, meu anjo, vê se entende.

- Mas eu pago.

- Com o dinheiro dele? Prefiro beber formicida. Escolhi este passeio porque é de graça e muito decente, não pode haver um passeio mais decente, não concorda comigo? Até romântico.

Ela olhou em redor. Puxou o braço que ele apertava.

- Foi um risco enorme, Ricardo. Ele é ciumentíssimo. Está farto de saber que tive meus casos. Se nos pilha juntos, então sim, quero só ver se alguma das suas fabulosas ideias vai me consertar a vida.

- Mas me lembrei deste lugar justamente porque não quero que você se arrisque, meu anjo. Não tem lugar mais discreto do que um cemitério abandonado, veja, completamente abandonado - prosseguiu ele, abrindo o portão.

Os velhos gonzos gemeram.

- Jamais seu amigo ou um amigo do seu amigo saberá que estivemos aqui.

- É um risco enorme, já disse. Não insista nessas brincadeiras, por favor. E se vem um enterro? Não suporto enterros.

- Mas enterro de quem? Raquel, Raquel, quantas vezes preciso repetir a mesma coisa?! Há séculos ninguém mais é enterrado aqui, acho que nem os ossos sobraram, que bobagem. Vem comigo, pode me dar o braço, não tenha medo.

O mato rasteiro dominava tudo. E não satisfeito de ter-se alastrado furioso pelos canteiros, subira pelas sepulturas, infiltrara-se ávido pelos rachões dos mármores, invadira as alamedas de pedregulhos esverdinhados, como se quisesse com sua violenta força de vida cobrir para sempre os últimos vestígios da morte. Foram andando pela longa alameda banhada de sol. Os passos de ambos ressoavam sonoros como uma estranha música feita do som das folhas secas trituradas sobre os pedregulhos.

Amuada mas obediente, ela se deixava conduzir como uma criança. Às vezes mostrava certa curiosidade por uma ou outra sepultura com os pálidos, medalhões de retratos esmaltados.

- É imenso, hein? E tão miserável, nunca vi um cemitério mais miserável, que deprimente - exclamou ela, atirando a ponta do cigarro na direção de um anjinho de cabeça decepada.

- Vamos embora, Ricardo, chega.

- Ali, Raquel, olha um pouco para esta tarde! Deprimente por quê? Não sei onde foi que eu li, a beleza não está nem na luz da manhã nem na sombra da noite, está no crepúsculo, nesse meio-tom, nessa ambiguidade. Estou lhe dando um crepúsculo numa bandeja, e você se queixa.

- Não gosto de cemitério, já disse. E ainda mais cemitério pobre.

Delicadamente ele beijou-lhe a mão.

- Você prometeu dar um fim de tarde a este seu escravo.

- É, mas fiz mal. Pode ser muito engraçado, mas não quero me arriscar mais.

- Ele é tão rico assim? - Riquíssimo. Vai me levar agora numa viagem fabulosa até o Oriente. Já ouviu falar no Oriente? Vamos até o Oriente, meu caro...

Ele apanhou um pedregulho e fechou-o na mão. A pequenina rede de rugas voltou a se estender em redor dos seus olhos. A fisionomia, tão aberta e lisa, repentinamente escureceu, envelhecida. Mas logo o sorriso reapareceu e as rugazinhas sumiram.

- Eu também te levei um dia para passear de barco, lembra?

Recostando a cabeça no ombro do homem, ela retardou o passo.

- Sabe, Ricardo, acho que você é mesmo meio tantã... Mas apesar de tudo, tenho às vezes saudade daquele tempo. Que ano aquele! Quando penso, não entendo como aguentei tanto, imagine, um ano!

- É que você tinha lido A Dama das Camélias, ficou assim toda frágil, toda sentimental. E agora? Que romance você está lendo agora?

- Nenhum - respondeu ela, franzindo os lábios. Deteve-se para ler a inscrição de uma laje despedaçada: minha querida esposa, eternas saudades - leu em voz baixa. - Pois sim. Durou pouco essa eternidade.

Ele atirou o pedregulho num canteiro ressequido.

- Mas é esse abandono na morte que faz o encanto disto. Não se encontra mais a menor intervenção dos vivos, a estúpida intervenção dos vivos. Veja - disse apontando uma sepultura fendida, a erva daninha brotando insólita de dentro da fenda -, o musgo já cobriu o nome na pedra. Por cima do musgo, ainda virão as raízes, depois as folhas... Esta é a morte perfeita, nem lembrança, nem saudade, nem o nome sequer. Nem isso.

Ela aconchegou-se mais a ele. Bocejou.

- Está bem, mas agora vamos embora que já me diverti muito, faz tempo que não me divirto tanto, só mesmo um cara como você podia me fazer divertir assim.  Deu-lhe um rápido beijo na face.

-Chega, Ricardo, quero ir embora.

- Mais alguns passos...

- Mas este cemitério não acaba mais, já andamos quilômetros! - Olhou para trás. - Nunca andei tanto, Ricardo, vou ficar exausta.

- A boa vida te deixou preguiçosa? Que feio - lamentou ele, impelindo-a para a frente. - Dobrando esta alameda, fica o jazigo da minha gente, é de lá que se vê o pôr-do-sol. Sabe, Raquel, andei muitas vezes por aqui de mãos dadas com minha prima. Tínhamos então doze anos. Todos os domingos minha mãe vinha trazer flores e arrumar nossa capelinha onde já estava enterrado meu pai. Eu e minha priminha vínhamos com ela e ficávamos por aí, de mãos dadas, fazendo tantos planos. Agora as duas estão mortas.

- Sua prima também?

-Também. Morreu quando completou quinze anos. Não era propriamente bonita, mas tinha uns olhos... Eram assim verdes como os seus, parecidos com os seus. Extraordinário, Raquel, extraordinário como vocês duas... Penso agora que toda a beleza dela residia apenas nos olhos, assim meio oblíquos, como os seus.

-Vocês se amaram?

-Ela me amou. Foi a única criatura que... Fez um gesto. - Enfim, não tem importância.

Raquel tirou-lhe o cigarro, tragou e depois devolveu-o.

- Eu gostei de você, Ricardo.'

-E eu te amei. E te amo ainda. Percebe agora a diferença?

Um pássaro rompeu cipreste e soltou um grito. Ela estremeceu.

- Esfriou, não? Vamos embora.

- Já chegamos, meu anjo. Aqui estão meus mortos.

Pararam diante de uma capelinha coberta de alto a baixo por uma trepadeira selvagem, que a envolvia num furioso abraço de cipós e folhas. A estreita porta rangeu quando ele a abriu de par em par. A luz invadiu um cubículo de paredes enegrecidas, cheias de estrias de antigas goteiras. No centro do cubículo, um altar meio desmantelado, coberto por uma toalha que adquirira a cor do tempo. Dois vasos de desbotada opalina ladeavam um tosco crucifixo de madeira.

Entre os braços da cruz, uma aranha tecera dois triângulos de teias já rompidas, pendendo como farrapos de um manto que alguém colocara sobre os ombros do Cristo. Na parede lateral, à direita da porta, uma portinhola de ferro dando acesso para uma escada de pedra, descendo em caracol para a catacumba. Ela entrou na ponta dos pés, evitando roçar mesmo de leve naqueles restos da capelinha.

- Que triste que é isto, Ricardo. Nunca mais você esteve aqui?

Ele tocou na face da imagem recoberta de poeira. Sorriu, melancólico.

- Sei que você gostaria de encontrar tudo limpinho, flores nos vasos, velas, sinais da minha dedicação, certo? Mas já disse que o que mais amo neste cemitério é precisamente este abandono, esta solidão. As pontes com o outro mundo foram cortadas e aqui a morte se isolou total. Absoluta.

Ela adiantou-se e espiou através das enferrujadas barras de ferro da portinhola. Na semiobscuridade do subsolo, os gavetões se estendiam ao longo das quatro paredes que formavam um estreito retângulo cinzento.

- E lá embaixo?

- Pois lá estão as gavetas. E, nas gavetas, minhas raízes. Pó, meu anjo, pó - murmurou ele.

Abriu a portinhola e desceu a escada. Aproximou-se de uma gaveta no centro da parede, segurando firme na alça de bronze, como se fosse puxá-la.

- A cômoda de pedra. Não é grandiosa?

Detendo-se no topo da escada, ela inclinou-se mais para ver melhor.

- Todas essas gavetas estão cheias?

- Cheias?... Só as que têm o retrato e a inscrição, está vendo? Nesta está o retrato da minha mãe, aqui ficou minha mãe - prosseguiu ele, tocando com as pontas dos dedos num medalhão esmaltado embutido no centro da gaveta.

Ela cruzou os braços. Falou baixinho, um ligeiro tremor na voz.

- Vamos, Ricardo, vamos.

- Você está com medo.

- Claro que não, estou é com frio. Suba e vamos embora, estou com frio!

Ele não respondeu. Adiantara-se até um dos gavetões na parede oposta e acendeu um fósforo. Inclinou-se para o medalhão frouxamente iluminado.

- A priminha Maria Emília. Lembro-me até do dia em que tirou esse retrato, duas semanas antes de morrer... Prendeu os cabelos com uma fita azul e veio se exibir, estou bonita? Estou bonita?... - Falava agora consigo mesmo, doce e gravemente. - Não é que fosse bonita, mas os olhos... Venha ver, Raquel, é impressionante como tinha olhos iguais aos seus.

Ela desceu a escada, encolhendo-se para não esbarrar em nada.

- Que frio faz aqui. E que escuro, não estou enxergando! Acendendo outro fósforo, ele ofereceu-o à companheira.

- Pegue, dá para ver muito bem... - Afastou-se para o lado. - Repare nos olhos. Mas está tão desbotado, mal se vê que é uma moça... - Antes da chama se apagar, aproximou-a da inscrição feita na pedra. Leu em voz alta, lentamente. - Maria Emília, nascida em vinte de maio de mil e oitocentos e falecida... - Deixou cair o palito e ficou um instante imóvel.

- Mas esta não podia ser sua namorada, morreu há mais de cem anos! Seu menti...

Um baque metálico decepou-lhe a palavra pelo meio. Olhou em redor. A peça estava deserta. Voltou o olhar para a escada. No topo, Ricardo a observava por detrás da portinhola fechada. Tinha seu sorriso – meio inocente, meio malicioso.

- Isto nunca foi o jazigo da sua família, seu mentiroso! Brincadeira mais cretina! - exclamou ela, subindo rapidamente a escada. - Não tem graça nenhuma, ouviu?

Ele esperou que ela chegasse quase a tocar o trinco da portinhola de ferro. Então deu uma volta à chave, arrancou-a da fechadura e saltou para trás.

- Ricardo, abre isto imediatamente! Vamos, imediatamente! - ordenou, torcendo o trinco. - Detesto este tipo de brincadeira, você sabe disso. Seu idiota! É no que dá seguir a cabeça de um idiota desses. Brincadeira mais estúpida!

- Uma réstia de sol vai entrar pela frincha da porta tem uma frincha na porta. Depois vai se afastando devagarinho, bem devagarinho. Você terá o pôr-do-sol mais belo do mundo.

Ela sacudia a portinhola.

- Ricardo, chega, já disse! Chega! Abre imediatamente, imediatamente! - Sacudiu a portinhola com mais força ainda, agarrou-se a ela, dependurando-se por entre as grades. Ficou ofegante, os olhos cheios de lágrimas. Ensaiou um sorriso. - Ouça, meu bem, foi engraçadíssimo, mas agora preciso ir mesmo, vamos, abra...

Ele já não sorria. Estava sério, os olhos diminuídos. Em redor deles, reapareceram as rugazinhas abertas em leque.

- Boa noite, Raquel.

- Chega, Ricardo! Você vai me pagar!... - Gritou ela, estendendo os braços por entre as grades, tentando agarrá-lo. - Cretino! Me dá a chave desta porcaria, vamos! - exigiu, examinando a fechadura nova em folha. Examinou em seguida as grades cobertas por uma crosta de ferrugem. Imobilizou-se. Foi erguendo o olhar até a chave que ele balançava pela argola, como um pêndulo. Encarou-o, apertando contra a grade a face sem cor. Esbugalhou os olhos num espasmo e amoleceu o corpo. Foi escorregando. -Não, não...

Voltado ainda para ela, ele chegara até a porta e abriu os braços. Foi puxando as duas folhas escancaradas.

- Boa noite, meu anjo.

Os lábios dela se pregavam um ao outro, como se entre eles houvesse cola. Os olhos rodavam pesadamente numa expressão embrutecida.

- Não...

Guardando a chave no bolso, ele retomou o caminho percorrido. No breve silêncio, o som dos pedregulhos se entrechocando úmidos sob seus sapatos.

E, de repente, o grito medonho, inumano: NÃO! Durante algum tempo ele ainda ouviu os gritos que se multiplicaram, semelhantes aos de um animal sendo estraçalhado. Depois, os uivos foram ficando mais remotos, abafados como se viessem das profundezas da terra. Assim que atingiu o portão do cemitério, ele lançou ao poente um olhar mortiço. Ficou atento. Nenhum ouvido humano escutaria agora, qualquer chamado. Acendeu um cigarro e foi descendo a ladeira. Crianças ao longe brincavam de roda.

 

Lygia Fagundes Telles

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Sabor Pitanga - Marielene Teubner

EDVALDO ROSA ESCREVE:

Sabor Pitanga - Resenha

Fui buscar dentre minhas memórias o sabor pitanga com o qual adocei em certo momento a minha vida... Fui buscar em mim alguma referência que me auxiliasse a entender o espirito que permeia o livro de poesias de Marilene Teubner, Sabor Pitanga.

A pitanga é uma fruta carnosa, vermelha (a mais comum), amarela ou preta, e bastante saborosa, rica em cálcio, a pitanga é nativa da mata atlântica brasileira, encontrada desde Minas Gerais até o Rio Grande do Sul.

Pode ser encontrada também na ilha da Madeira, Portugal, onde foi introduzida.

Mas sobretudo a pitangueira é nativa das terras brasileiras, e assim, o Sabor Pitanga é bem brasileiro!

A palavra “pitanga” vem do tupi-guarani, e significa “vermelho”.É por isso que nos poemas do livro Sabor Pitanga de Marilene Teubner os sentimentos são constantes e profundos.

A planta é cultivada tradicionalmente em quintais domésticos. Dá-se bem em terrenos arenosos junto às praias e os frutos são ótimos atrativos para pássaros.

Não é de se estranhar, portanto, que os poemas contidos no livro Sabor Pitanga de Marilene Teubner, quase uma centena, venham do fundo de seu coração, de sua mente e de sua alma.

É fato que o auxilio de sua vivência, tanto pessoal quanto poética, trouxeram ao livro Sabor Pitanga um frescor e uma vitalidade que rivalizando com a planta pitangueira, atrai e conquista o leitor já na leitura de suas primeiras páginas.

Não é demasiada a apresentação da poetisa na página 7, através de um acróstico de Dirce Cecilia Cozatti.

É de extrema sensibilidade a prescrição feita pela autora na página 9, com o poema “ Medicação “.

Assim contrariando a natureza da árvore, pitangueira, que tem um desenvolvimento moderado, já nos primeiros poemas do livro Sabor Pitanga podemos perceber uma crescente torrente de sentimentos...

Se a árvore é medianamente rústica, o mesmo não se aplica aos poemas de Marilene Teubner em seu livro Sabor Pitanga, a menos que consideremos sentimentos puros, profundos como rústicos!

Quanta sensibilidade vai sendo encontrada a cada página lida.

Chamou a minha atenção “Últimos versos”, quanto amor... Em “Perigo” , a ameaça de se amar demais!

Encontrei filosofia incrustada em “ Ostra “, que apreendamos a viver então.

E os temas das poesias de Marilene Teubner, em Sabor Pitanga, vão desfilando ao olhar atento com uma sensibilidade fina e antenada com a vida cotidiana, com os sentimentos e pensamentos das pessoas de hoje, mas que sonham amores e tecem desejos de tempos idos, quando tudo parecia ser bem melhor do que agora.

Assim, Sabor Pitanga, resgata valores importantes do ser humano, fala de desejos que todos, homens e mulheres, trazem dentro de si e que inibem sob o peso do dia a dia tão corrido, mais, Sabor Pitanga, revela a nossa face mais pura, “rústica” talvez, por não usar máscaras, agradável e amorosa.

Sabor Pitanga é um delicioso livro. E os seus poemas trazem o frescor de nossos melhores momentos vividos, e a esperança de vivermos estes mesmos momentos, caso não os tenhamos vivido.

Por fim, nas palavras de seu editor, Rossyr Berny, da editora Alcance, “ Pitanga, como a fruta, é um beijo sedento que mata a sua sede nos lábios da poesia e do amor. Delicie-se! “

Em tempo:

Sabor Pitanga

Marilene Teubner

Editora Alcance – 2008

Contato com a autora:

marileneteubner@hotmail.com

Edvaldo Rosa

WWW.EDVALDOROSA.COM.BR

27/01/2009

Edvaldo Rosa

Enviado por Edvaldo Rosa em 27/01/2009

Alterado em 27/01/2009

Mundo Animal

 

Lembram da história do Mogli, o menino que foi criado entre os lobos quando era bebê?Então, nessa semana aconteceu uma história curiosa lá na Índia.

Não, nenhum garoto foi encontrado vivendo em uma alcateia (coletivo de lobos). O que se achou foi um urso como animal de estimação de uma pobre família indiana.

A história é a seguinte: no ano passado, o trabalhador indiano Ram Singh Muda, de 35 anos, encontrou na floresta uma órfã. Curiosamente, Munda também havia acabado de perder sua esposa, então ele levou o mamífero até sua casa para que ele colsolasse sua filha pequena: Dulki, de apenas 6 anos. O bichinho ganhou o nome de Rani (rainha) e acabou virando animal de estimação dos dois. A história que parece ter saído de um filme da Disney, chamou a atenção do mundo todo. Principalmente  foto em que papai Munda é visto andando de bicicleta com Rani. Muito fofo!

Mas, como todo contos de fada, há sempre um vilão. Nesse caso, foi o governo indiano, já que por lá é proibido ter animais silvestres em casa. Munda acabou sendo preso, a pequena Dulki está em um orfanato e Rani foi levada para o zoológico. Se não bastasse tudo isso, a ursa não quer comer desde então e o pai de Dulki, se for condenado, pode ficar na prisão por três anos.

As pessoas que defendem os animais, os ativistas, ficaram impressionados com a história e querem que Minda seja solto.

Segundo od ativistas, o pais de Dulki não cometeu nenhum crime, pois nunca maltratou a ursa. Ele também é analfabeto, não sabe ler e, não tinha nenhum conhecimento dessa lei que existe na índia. A torcida é para que o governo indiano entenda essa situação e deixe ele viver de novo com sua filha. Quem sabe até com a ursa também. Se essa história da vida real fosse igual à de um livro, isso certamente aconteceria.

 

Adaptação para uso Pedagógico.

Esse papai não é urso. Gustavo Miller. O Estado de São Paulo, 28 jun.2008.(Suplemento Infalntil Estadinho)

sábado, 26 de março de 2022

O Segredo do Vale da Lua

 

O segredo do vale da Lua

Elizabeth Goudge

É muito fácil se encantar pelo mundo fantástico. O conto fantástico, maravilhoso faz nossa imaginação sobrevoar por ambientes e tempos nunca imagináveis; nos apresenta personagens que fogem ao cotidiano e à lógica; o enredo é permeado pela magia, pelos encantos e riquezas das ações. Sou suspeita para falar sobre o “mundo fantástico”, é um gênero da Narrativa que me encanta.

O conto fantástico ou conto de fantasia, no qual o realismo mágico ou maravilhoso é a essência, teve origem no século XVII, e embala até os dias atuais, o imaginário humano. Basta um pouco de sensibilidade e criatividade para se apaixonar pelas histórias de absurdos do mundo irreal que, além de despertar sentimentos e emoções, fazem refletir sobre a verossimilhança com alguns acontecimentos reais.  

Essa narrativa fantástica, infanto-juvenil, com narrador em 3ªpessoa, é baseada no  romance de 1946, The Little White Horse, da mesma autora. O filme se passa em 1840, apresenta o espaço e o figurino característicos da época, as ruínas, os castelos e as torres remetem à harmonia e verossimilhança do tempo. Essa obra é um clássico da literatura inglesa.

Nesse filme podemos observar um intertexto com o filme “A Bela e a Fera”. A música no início do filme; a rosa vermelha na mão de Bela, enquanto está no cemitério (a rosa vermelha encantada, em A Bela e a Fera); a morte do pai de Bela Bontempo (a prisão do pai de Bela em A Bela e a Fera), o tio “carrancudo e calado” de Bela Bontempo (a fera em A Bela e a Fera), o livro mágico que Bela herdou do pai (o gosto de Bela pela leitura, em A Bela e a Fera), são algumas das características dessa intertextualidade. Além de outras, como a falência do pai de Bela Bontempo (a falência do pai de Bela em a Bela e a Fera), a biblioteca nas duas narrativas; as duas personagens iniciam a narrativa órfãs de mãe e, assim como a Bela, de A Bela e a Fera, Bela Bontempo também desenvolve sentimentos de amor, que superam o preconceito contra o “diferente” – pelo chefe dos saqueadores, Robin De Noir.

Bela Bontempo (Dakota Blue Richards), a protagonista da história, é uma menina de 13 anos, órfã de mãe que, após perder também o pai, precisa se mudar para a mansão do Tio Benjamin (Joan Gruffudd), pois seu pai perdeu todos os bens. A nova casa, no misterioso Vale da Lua, é maravilhosa, triste, sombria e fria. O tio, um homem forte e rancoroso, que prefere o silêncio ao convívio social, tenta manter-se austero diante da sobrinha, mas os encantos da menina acabam dominando as emoções que ele tanto tenta esconder.

Apesar da casa não parecer acolhedora, por conta da ranzinzices do tio, Bela se sente acolhida, principalmente, porque conhece o chefe de cozinha Pierre (Michael Webber), personagem parecida com um duende, cheia de truques e magias. Segundo o cozinheiro, a magia havia voltada àquela casa, depois que a menina chegou e a incentivou a ler o livro deixado como herança pelo pai. Ao continuar a leitura do livro mágico, Bela descobre que a Princesa da Lua, revoltada com a ganância dos homens e se sentindo traída, lançou uma maldição sobre o vale, e somente uma pessoa de coração puro poderia salvá-los da eterna escuridão. Bela tinha um papel importantíssimo na vida de todas as pessoas daquele lugar, precisava quebrar o feitiço antes da 5000ª lua.

E no desenvolvimento da história, alguns assuntos relevantes para a sociedade como orgulho, rancor, ganância, vão se entrelaçando à magia e aos feitiços do mundo fantasioso, o que nos permite, diante da informalidade dos fatos, refletir sobre nossas ações. É uma história encantadora, que aborda importantes temas sociais, principalmente, sobre a morte e a dor da perda de um ente querido.

 

Sandra Garcia

Fontes de apoio:

https://www.todamateria.com.br/conto-fantastico/
https://olhardeleitor.wordpress.com/2014/05/15/resenha-o-segredo-do-vale-da-lua/
https://image.tmdb.org/t/p/w500/AgPg4qR0p7kmHDDgKIVMCP6dsJe.jpg
https://tvbrasil.ebc.com.br/sessao-familia/2021/05/o-segredo-do-vale-da-lua
Acesso em: 24/03/2022

sábado, 29 de agosto de 2020

A Paz



É preciso pensar um pouco 

nas pessoas que ainda vêm

Nas crianças

A gente tem que arrumar um jeito

De achar pra eles um lugar melhor

Para os nossos filhos

E para os filhos de nossos filhos

Pense bem!

Deve haver um lugar dentro do seu coração

Onde a paz brilhe mais que uma lembrança

Sem a luz que ela traz já nem se consegue mais

Encontrar o caminho da esperança

Sinta, chega o tempo de enxugar o pranto dos homens

Se fazendo irmão e estendendo a mão

Só o amor muda o que já se fez

E a força da paz junta todos outra vez

Venha, já é hora de acender a chama da vida

E fazer a terra inteira feliz

Se você for capaz de soltar a sua voz

Pelo ar, como prece de criança

Deve então começar outros vão te acompanhar

E cantar com harmonia e esperança

Deixe que esse canto lave o pranto do mundo

Pra trazer perdão e dividir o pão

Só o amor muda o que já se fez

E a força da paz junta todos outra vez

Venha, já é hora de acender a chama da vida

E fazer a terra inteira feliz

Quanta dor e sofrimento em volta a gente ainda tem

Pra manter a fé e o sonho dos que ainda vêm

A lição pro futuro vem da alma e do coração

Pra buscar a paz, não olhar pra trás, com amor

Se você começar outros vão te acompanhar

E cantar com harmonia e esperança

Deixe, que esse canto lave o pranto do mundo

Pra trazer perdão e dividir o pão

Só o amor muda o que já se fez

E a força da paz junta todos outra vez

Venha, já é hora de acender a chama da vida

E fazer a terra inteira feliz

Só o amor muda o que já se fez

E a força da paz junta todos outra vez

Venha, já é hora de acender a chama da vida

E fazer a terra inteira feliz

Só o amor muda o que já se fez

E a força da paz junta todos outra vez

Venha, já é hora de acender a chama da vida

E fazer a terra inteira feliz

Venha, já é hora de acender a chama da vida

E fazer a terra inteira feliz

Inteira feliz


(Roupa Nova e Pe. Fábio de Melo)

Disponível em: https://www.letras.mus.br/roupa-nova/1109626/ >Acesso em:29/8/2020

Imagem:
Disponível em:< https://br.pinterest.com/pin/302304193725067329/> Acesso em: 29/8/2020

domingo, 7 de junho de 2020

Jean de La Fontaine




Jean de La Fontaine foi um poeta e fabulista francês (8/7/1621 – 13/4/1695).

Sobre a natureza da fábula, La Fontaine declarou:“É uma pintura em que podemos encontrar nosso próprio retrato”


terça-feira, 2 de junho de 2020

Ponte para Terabítia





Faz muito tempo que vejo esse filme, mas não me canso de reprisá-lo. Talvez porque eu seja mãe, o enredo tenha me comovido profundamente, a ponto de encontrar nas entrelinhas, a cada vez que assisto, uma boa razão para recomendá-lo.


É um filme indicado para todas as idades, principalmente para adolescentes, mas trata-se de uma produção que deveria ser vista, como lição de cada, por pais, familiares, profissionais da educação e todos aqueles envolvidos, de alguma forma, com o desenvolvimento de crianças, com o objetivo de compreender um pouco mais sobre conflitos dos nossos filhos, por vezes, silenciados pelo medo, angústia, ansiedade, timidez etc.

Quem disse que a vida de uma criança é fácil? Os adultos, envolvidos com todas as responsabilidades do dia a dia, por vezes, não notam os inúmeros problemas que as crianças enfrentam, principalmente em “tempos” de bullying, de imposições sociais, enfim, com todo tipo de regras de comportamento, induzidas pelas mídias.

Ponte para Terabítia transporta-nos para um ambiente escolar agressivo, para o íntimo de uma família com dificuldades financeiras, para o encontro de uma amizade leal, para as portas da realidade com toques mágicos e surpreendentes. Mas, acima de tudo, apresenta-nos Jesse (Josh Hutcherson) e Leslie (Anna Sophia Robb), os protagonistas dessa história e alunos do 6ºAno, que vivem no campo, sem TV, o que os mantêm com o comportamento de acordo com suas idades cronológicas.

Ah, não podemos nos esquecer da irmãzinha de Jess, a May Bell (Bailee Madison), de seis anos. Tão doce e tão meiga, que enfeita o filme como se fosse uma florzinha do campo. Também devemos citar a Janice que, apesar de iniciar o filme como uma estúpida, termina a história com aprendizado e redenção.

O livro que deu origem ao filme foi escrito para David, o filho da autora, a norte-americana Katherine Paterson, na ocasião em que o filho perdeu sua melhor amiga. A história não é didática, não apresenta simplificações ou eufemismos sobre os dramas existenciais dos adolescentes, também não apresenta como objetivo maior a “lição de moral”, apesar de que é muito bom ver a Janice, a valentona que rouba os bolinhos de May Bell, se redimindo das maldades. A autora “não doura a pílula” sobre temas sensíveis, como por exemplo, a morte, que faz partir o coração de quem assiste. Vale a pena! Convide a família.


Disponível em:<http://criticos.com.br/?p=1193 >em:2/6/2020
Adaptações para fins pedagógicos - Sandra Garcia