1Era uma vez, três porquinhos que viviam na
floresta com a mamãe. Um dia, como já estavam muito crescidos, decidiram ir
viver cada um em sua casa. A mãe concordou, mas avisou-os:
----Tenham
muito cuidado, pois na floresta também vive o lobo mau, e eu não vou estar lá
para protegê-los…
---- Sim,
mamãe! – Responderam os três ao mesmo tempo.
Os
porquinhos arranjaram material e procuraram um bom lugar para a construção das
novas moradias e, assim que o encontraram, cada um começou a fazer a sua
própria casa.
5O porquinho mais novo, que só pensava em
brincar, estava com pressa, fez a sua casa muito rapidamente, usando palha. O
porquinho do meio, ansioso por ir brincar com o mais novo, juntou uns paus e,
mais que depressa, construiu uma casa de madeira. O porquinho mais velho, que
era o mais ajuizado, lembrou-se do que a sua mãe lhe havia dito, e pensou:
---- Vou construir
a minha casa de tijolos, assim terei uma casa mais durável e muito resistente
para me proteger do lobo mau.
É claro
que ele foi o porquinho que demorou mais tempo a construir a casa, mas no fim,
estava muito orgulhoso dela, e só depois de ver a casa pronta, juntou-se aos
seus irmãos para brincar alegremente.
Um dia,
andavam os três porquinhos pelos campos, rindo e brincando, aproveitando a
diversão, quando apareceu o lobo mau:
---- Olá!
Vejo três deliciosos porquinhos à minha frente.
10Ao verem o lobo mau, fugiram cada um para a
sua casa. E o lobo, que estava cheio de fome, chegou ao pé da casa do porquinho
mais novo, e disse:
---- Essa
casa de palha cheira-me a porquinho! Saia daí que eu vou te comer! Senão sair,
deito a sua casa de palha abaixo…
Como estava
com medo, o porquinho mais novo não saiu. E o lobo tentou intimidá-lo mais uma
vez:
eu gosto de mandar.
15Se não me
obedecem,
eu posso me zangar!”
E nada do
porquinho obedecer.
Então, o
lobo bufou, e estufou o peito e soprou tão forte, que a casa de palhas voou pelos
ares.
O porquinho,
que antes era todo serelepe e só pensava em brincar, estava muito assustado, e correu
em disparada ao encontro do irmão do meio, que havia construído uma casa de
madeira. “Ufa! Que sufoco!” pensou o porquinho mais novo. E, pedindo ajuda ao
irmão, foi logo entrando na casa de madeira.
20O lobo, que havia perdido a suculenta caça,
ficou ainda mais irritado e, ao ver seu petisco fugindo, deu um jeito de alcançá-lo.
Mas, a fera de dentes enormes pensou estar em vantagem, porque ao chegar à casa
de madeira, descobriu que, ao invés de um porquinho, poderia devorar dois. E já
imaginando a fartura da refeição, o lobo gargalhou e informou:
---- Essa
casa de madeira cheira-me a porquinhos! E eu estou com tanta fome que vou devorar
os dois!… Saiam já daí, estou sem paciência, e a fome está a me matar.
E o
faminto novamente ameaçou:
eu gosto de mandar.
25Se não me
obedecem,
eu posso me zangar!”
E com
dois sopros, conseguiu deitar a casa de madeira abaixo.
Os dois
porquinhos saíram novamente em disparada, apavorados, em direção à casa do
irmão mais velho, que havia construído uma casa de tijolos, pois temia os
perigos da floresta.
O lobo,
vendo que os três porquinhos estavam todos numa só casa, exclamou, aos pulos de
alegria, louco para botar as patas naqueles bichinhos:
30---- Cheira-me a porquinho, esta casa de
tijolos novinhos. Aliás, sinto um concentrado cheiro de três porquinhos
apetitosos!
“E mais fome não vou eu ter,
pois apanharei a todos,
um por um dos porquinhos
para comer!”
35Então o lobo encheu o peito de ar e soprou
com toda a força que tinha, que até se engasgou. “Cof, cof!” Mas a casinha de
tijolos não se mexeu nem um bocadinho.
Aliviados, os três porquinhos saltitaram de
contentes. Mas o lobo não
desistiu, e logo desatou a
gritar, muito irado:
“EU MANDO E NÃO PEÇO,
EU GOSTO DE MANDAR.
SE NÃO ME OBEDECEM,
40EU POSSO ME ZANGAR!”
E nada, os porquinhos continuavam bem
quietinhos, trancafiados, na cada do irmão mais velho.
---- Não consegui derrubar a casa de tijolos abaixo. Nem sequer derrubei a
porta, mas tenho outra ideia… Esperem que já vão ver! - E começou a subir o telhado,
em direção à chaminé.
“É agora que eu desço,
E os porquinhos vou pegar,
45Sei que eu mereço,
E a minha fome vou matar.
Esses moleques atrevidos
Fizeram eu me cansar.”
Os
porquinhos mais novos ficaram aflitos, enquanto o mais velho, que era muito
esperto, colocou no fogão, por baixo da chaminé, um grande caldeirão de água a
ferver.
50O lobo, ao descer pela chaminé, caiu no
caldeirão de água quente e queimou o rabo. Com tamanha dor, o malvado fugiu o
mais rápido que podia para o meio da floresta.
Desse
lobo mau, tão esbravejante e esfomeado, que lutou como muita garra, para tentar
um jantar suculento, nunca mais se ouviu falar.
E a
respeito dos três porquinhos? Ah, esses continuam por aí, desafiando o perigo. Depois
que o lobo foi embora, os dois porquinhos agradeceram ao irmão mais velho por
tê-los socorrido quando mais precisaram.
Foi com o
irmão trabalhador e responsável que os dois porquinhos aprenderam várias lições:
tudo o que for feito com mais dedicação e amor tem mais chances de sucesso; um
mundo melhor depende de atitudes melhores; e há tempo para as obrigações e para
as diversões, é só saber organizar direitinho o tempo.
E assim,
os três irmãos continuaram na floresta, consertaram os estragos feitos pelo
lobo e viveram felizes lá para aquelas bandas por muitos e muitos anos.
55Quem tem medo do lobo mau,
lobo mau,
lobo mau?!
Quem tem
medo do lobo mau,
lobo mau,
lobo mau?!
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Curiosidades sobre a história
Os Três Porquinhos
Os contos de fada não são
histórias contadas apenas para divertir ou entreter as crianças. Essa forma de
narrativa apresenta frequentemente lições que, provavelmente, usamos pela vida
toda.
No passado, quando não havia ainda
a forma escrita de comunicação, as pessoas contavam essas histórias oralmente
e, assim, de boca em boca, esses contos foram repassados e repassados, de todas
as formas e tamanho, até os dias atuais.
A história de “Os Três
Porquinhos”, por exemplo, traz lições que podem ser ensinadas aos leitores e à
sociedade, por exemplo: sobre o momento de assumir a vida adulta e suas
obrigações; sobre a construção de um teto para própria sobrevivência
longe da casa dos pais (situação de proteção); sobre os perigos que a vida pode
trazer, que cabe ao próprio indivíduo prevenir e evitá-los (as
"casas" frágeis); sobre a solidariedade (no momento de perigo
em que os porquinhos se ajudam).
Ainda sobre aprendizagens, a
história nos ensina sobre a possibilidade de se construir um futuro sólido, se
houver dedicação e amor para com os nossos objetivos (a casa de tijolos); sobre
a necessidade de atitudes melhores, para que o mundo seja um lugar melhor;
sobre a organização do tempo, para que haja oportunidades de mais realizações
pessoais e coletivas; sobre a união entre os seres, que facilita a
sobrevivência e a solução de problemas (o abrigo na casa de tijolos).
Não se deve privar o essencial
direito à diversão, à alegria e aos momentos de descontração, para que os
problemas sejam enfrentados com ânimo (o porquinho mais velho conseguiu
enfrentar o lobo com ânimo).
Entre outras tantas visões que o
texto pode apresentar, pois a interpretação é um ato subjetivo que depende do
estado perceptivo do leitor, ainda podemos apontar a própria luta pela
sobrevivência, na qual o lobo, sem medir esforços para matar a própria fome,
destruiu, derrubou, ameaçou e perseguiu as vítimas. Como não obteve sucesso,
teve que amargar a frustração do projeto mal sucedido. A criatura-fera agiu de
forma egoísta e insensata, mas o lobo é um animal feroz, nesse caso, a
ferocidade faz parte da sua essência. Nas relações humanas, temos oportunidades
de agirmos como lobos, mas o bom senso costuma moldar e aprimorar nossos
impulsos mais ferozes, permitindo, às vezes, que a ética nos encaminhe para uma
versão melhor de nós.
Reforçando todas as
características de ensino/aprendizagem que o texto apresenta, ao longo do
desenvolvimento do conflito, fica bem clara a importância de persistir para
conseguir vencer e, principalmente, não agir de forma imediatista.
A primeira versão da história de
“Os Três Porquinhos” teria sido criada em torno de 1000 d.C., e não se conhece
a autoria. Em 1383, o conto infantil foi adaptado para teatro, mas somente em
1890, foi popularizado graças a escrita de Joseph Jacobs, um escritor nascido
em Sydney, Austrália em 1583. Os Três Porquinhos é uma fábula, cujas
personagens são exclusivamente animais. A história dos Três Porquinhos já era
conhecida na Inglaterra e Jacobs, como folclorista, resgatou contos
tradicionais e os transformou em livros. O sucesso para Jacobs foi a utilização
de uma linguagem clara e feita para a literatura infantil.
Essa história continua por aí,
pronta para ser desvendada e observada por todos os pares de olhos leitores.
Divirtam-se encontrando mais detalhes sobre comportamento, que os três
porquinhos podem nos ensinar.
Adaptações para fins
pedagógicos – Sandra Garcia
Referências
Disponível em:
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