Em algumas fases da jornada, às vezes longas, carregamos um bocado de peso na alma.
Nem um pouco raro, às vezes sem sequer notarmos.
A gente costuma se acostumar fácil às circunstâncias difíceis que,
podem ser mudadas até sem grandes elaborações e movimentos,
sem que se precise contar com sorte, promessas, milagres e cercanias.
A gente costuma se adaptar demais ao que faz nossos olhos brilharem menos.
A gente costuma camuflar a exaustão.
Inventar inúmeras maneiras para revestir o coração com isolamento
acústico para evitar ouvi-lo.
Fazer de conta que a vida é assim mesmo e pronto.
Que somos assim mesmo e ponto.
A gente costuma arrastar bolas de ferro e agir como se carregássemos pétalas só pra não
precisar fazer contato com as insatisfações e trabalhar para transformá-las.
A gente costuma mudar de calçada quando vê certos riscos virem na nossa direção,
mesmo que nos encantem.
A gente carrega muito peso no peito, tantas vezes,
porque resiste à mudança o máximo que consegue.
Até o dia em que a alma, com toda razão, cansada de não ser olhada,
encontra o seu jeito de ser vista e dizer quem é mesmo que manda.
(Ana Jacomo)
12/11/2011
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